É inegável, a cada dia o cliente recebe mais tecnologia e precisa cada vez menos do corretor de imóveis para fazer negócio. Será que isso é uma verdade absoluta, o corretor será dispensável?
Do ponto de vista da informação sim, o corretor perdeu essa moeda de troca e já faz um bom tempo, por isso recusar parcerias é praticamente uma piada, mas por incrível que pareça isso ainda existe. O cliente comprador tem acesso à informação do imóvel de uma forma ou de outra e, em alguns casos, consegue chegar no proprietário com mais facilidade que o próprio corretor e com um aparato de ferramentas tecnológicas está cada vez mais orientado ao “Faça Você Mesmo”.
A verdade é que existem três tipos de profissionais no mercado, aqueles que acreditam que nunca serão substituídos e farão piadas desse texto, os que encaram esse processo como um desafio e buscam melhoria e os que já entenderam que talvez seja apenas uma questão de tempo até que a sua presença no processo seja opcional.
A meu ver, se você está no primeiro grupo você está morto. Se está no segundo grupo possui alguma chance, é um desafio de adaptação, mas se você está no terceiro, você está prestes a voar na velocidade de um foguete e em muitas direções, afinal, quem disse que “foguete não da ré” está mal informado também.
O cliente vai buscar cada vez mais otimizar o seu processo, seja de compra ou venda, para isso as ferramentas baseadas em novas tecnologias são criadas e pensadas diariamente, eu posso garantir, que existem muitas empresas de tecnologia que poderiam gerar uma revolução na dinâmica do mercado, mas só não fazem isso porque ainda existem riscos associados que não compensam, até que o primeiro player resolva correr esse risco e então veremos uma avalanche de desintermediação, palavra nova que ficou na moda, a desintermediação no setor imobiliário é um fruto que ainda não está maduro, mas é uma linha do tempo. Só isso.
Então Guilherme você está dizendo que o corretor vai sumir, é apenas uma questão de tempo com aplicativos e tecnologias disponibilizados? Sim e não!
O formato atual de corretagem é antigo, tem mais de cem anos, foi o modelo proposto por Colbert Coldwell em San Francisco na California antes mesmo de se juntar a Arthur Banker em 1906 e fundar a famosa Coldwell Banker, um paralelo irônico aqui, veja só que interessante, o modelo que o mercado adota como padrão mundial nasceu no atual Vale do Silício, e pelo visto, as novas tecnologias que o substituirão nascem por lá também.
Voltando ao ponto, quais as chances de um modelo de negócios centenário continuar intocável em uma era de crescimento exponencial tecnológico? Nenhuma! Isso não significa que o corretor vai desaparecer, mas eu acredito que muito do que existe no entorno do corretor vai, a própria legislação ligada a legalização da profissão será cada vez mais questionada a medida em que o valor do profissional na cadeia se transforma. O jornalismo é um exemplo desse processo.
O que eu quero dizer aqui, é simples, o corretor que conhecemos hoje vai sumir, mas pode renascer como um novo profissional, pode até mesmo utilizar o mesmo nome, mas a sua função será definitivamente outra, na minha visão você será o Sherpa dos imóveis.
Você sabe o que é um Sherpa?
Os Sherpas ou Xerpas são uma etnia tibetana que vivem no Alto Himalaia, eles são fundamentais para os alpinistas que desejam escalar Monte Everest, a montanha mais alta do mundo, faz parte do povo Xerpa a vida na altitude, a leitura das janelas no clima, o entendimento daquele cenário é o seu cotidiano, sem eles o risco de se fazer uma escalada pode ser fatal. Onde está semelhança? O cliente corretor de imóveis tem acesso a todas as informações na internet, ele assiste vídeos com tutoriais, ele pode fazer download de modelos de contratos, pode buscar referências de valor, a informação está disponível em cada vez mais aplicativos e ferramentas. Com o alpinista é a mesma coisa, ele tem as informações, tem todas as ferramentas e os melhores equipamentos que a tecnologia pode oferecer, mas na hora da verdade, no momento do risco ele contrata um Xerpa para acompanhá-lo e garantir que as suas decisões serão as melhores. O Xerpa já fez aquela escalada muitas vezes na vida, ele sente o perigo muito antes, ele antevê os problemas e conhece a solução. Quantas vezes um alpinista escala o Everest na vida, uma, duas, três vezes? Quantas vezes um cliente compra um imóvel, uma, duas, três vezes?
O corretor do futuro é um Xerpa, ele simplesmente acompanha o cliente bem informado e equipado na sua escalada, ele não vende mais nada, ele apenas garante que toda aquela carga de informação, ferramenta, equipamentos sejam bem aplicadas, ele reduz o risco e garante o sucesso na subida e na descida daquele Everest que pode ser um apartamento, uma casa, um investimento, não importa.
Se você está no terceiro grupo e já entendeu que o seu trabalho será um item opcional, prepara-se para isso, é uma preparação muito diferente da que a maior parte dos corretores de hoje buscam.